A CIDADE DE JERUSALÉM
1Cr 11.7,8 “E Davi habitou na fortaleza, pelo que se chamou a
Cidade de Davi. E edificou a cidade ao redor, desde Milo até
completar o circuito; e Joabe renovou o resto da cidade.”
HISTÓRIA DA CIDADE DE JERUSALÉM. A primeira referência à cidade de Jerusalém é
sem dúvida Gn 14.18, onde Melquisedeque é citado como rei de Salém (i.e., Jerusalém; ver Gn
14.18 nota). Na época dos israelitas cruzarem o Jordão para entrarem na terra prometida, a
cidade chamava-se “da banda dos jebuseus” (Js 15.8) ou “Jebus” (11.4). Deixou de ser
capturada durante a conquista de Canaã por Josué e permaneceu em mãos dos cananeus até o
tempo em que Davi chegou ao reino. O exército de Davi tomou Jebus de assalto, e Davi fez dela
a sua capital (2Sm 5.5-7; 1Cr 11.4-7). Jerusalém serviu de capital política de Israel durante o
reino unido e, posteriormente, do reino do Sul, Judá. Salomão, sucessor de Davi, edificou o
templo do Senhor em Jerusalém (1Rs 5—8; 2Cr 2—5; ver o estudo O TEMPLO DE
SALOMÃO), de modo que a cidade também tornou-se o centro religioso de adoração ao Deus
do concerto.
Por causa dos pecados de Israel, Nabucodonosor de Babilônia sitiou a cidade em 586 a.C., e
finalmente a destruiu juntamente com o templo (2Rs 25.1-11; 2Cr 36.17-19). Jerusalém
permaneceu um montão de ruínas até o retorno dos judeus da Pérsia em 536 a.C. para reedificar
tanto o templo quanto a cidade (Ed 3.8-13; 5.1—6.15; Ne 3.4). Já nos tempos do NT, Jerusalém
voltara a ser o centro da vida política e religiosa dos judeus. Em 70 d.C., porém, depois de
freqüentes rebeliões dos judeus contra o poder romano, a cidade e o templo voltaram a ser
destruídos.
Quando Davi fez de Jerusalém a sua capital, esta começou a receber vários outros nomes em
consonância com a sua índole; nomes como: “Sião” (2Sm 5.7); “a Cidade de Davi” (1Rs 2.10);
“santa cidade” (Ne 11.1); “a cidade de Deus” (Sl 46.4); “a cidade do grande Rei” (Sl 48.2);
“cidade de justiça, cidade fiel” (Is 1.26); “a Cidade do SENHOR” (Is 60.14); “O SENHOR
Está Ali” (Ez 48.35) e “a cidade de verdade” (Zc 8.3). Alguns desses nomes são proféticos para
a futura cidade de Jerusalém.
O SIGNIFICADO DE JERUSALÉM PARA OS ISRAELITAS. A cidade de Jerusalém tinha
um significado especial para o povo de Deus do AT. (1) Quando Deus relembrou sua lei diante
dos israelitas na fronteira de Canaã, profetizou através de Moisés que, a determinada altura no
futuro, Ele escolheria um lugar “para ali pôr o seu nome” (Dt 12.5, 11, 21; 14.23, 24). Esse lugar
seria a cidade de Jerusalém (1Rs 11.13; 14.21) onde o templo do Deus vivo foi erigido; por isso,
recebeu o nome de: “santa cidade”, “a Cidade de Deus”, e “a Cidade do SENHOR”. Três vezes
por ano, todo homem em Israel devia ir a Jerusalém, para aparecer “perante o SENHOR, teu
Deus, no lugar que escolher, na Festa dos Pães Asmos, e na Festa das Semanas, e na Festa dos
Tabernáculos” (Dt 16.16; cf. 16.2, 6, 11, 15). (2) Jerusalém era a cidade onde Deus revelava sua
Palavra ao seu povo (Is 2.3); era, portanto, “do vale da Visão” (Is 22.1). Era, também, o lugar
onde Deus reinava sobre seu povo Israel (Sl 99.1,2; cf. 48.1-3, 12-14). Logo, quando os
israelitas oravam, eram ordenados a orar “para a banda desta cidade” (1Rs 8.44; cf. Dn 6.10). As
montanhas que cercavam Jerusalém simbolizavam o Senhor rodeando o seu povo com eterna
proteção (Sl 125.1,2). Em essência, portanto, Jerusalém era um símbolo de tudo quanto Deus
queria para o seu povo. Sempre que o povo de Deus se congregava em Jerusalém, todos deviam
lembrar-se do poder soberano de Deus, da sua santidade, da sua fidelidade ao seu povo e do seu
compromisso eterno de ser o seu Deus. (3) Quando o povo de Deus destruiu seu relacionamento
com Ele por causa da sua idolatria e de não querer obedecer aos seus mandamentos (ver o
estudo A IDOLATRIA E SEUS MALES), o Senhor permitiu que os babilônicos destruíssem
Jerusalém, juntamente com o templo. Quando Deus permitiu a destruição desse antigo símbolo
da sua presença constante entre os seus, estava dando a entender que Ele pessoalmente estava se
retirando do seu povo. Note que a promessa de Deus, de um “concerto eterno” com seu povo,
sempre dependia da condição prévia da obediência deles à sua vontade revelada (ver o estudo O
CONCERTO DE DEUS COM OS ISRAELITAS). Dessa maneira, Deus estava advertindo o
seu povo, daqueles tempos e de agora, que todos devem permanecer fiéis a Ele e obedientes à
sua lei, se quiserem continuar a desfrutar de suas bênçãos e promessas.
O SIGNIFICADO DE JERUSALÉM PARA A IGREJA CRISTÃ. A cidade de Jerusalém
também era importante para a igreja cristã. (1) Jerusalém foi o lugar onde nasceu o cristianismo.
Ali Jesus foi crucificado e ressuscitou dentre os mortos. Foi também em Jerusalém que o Cristo
glorificado derramou o Espírito Santo sobre os seus discípulos no Pentecostes (At 2). A partir
daquela cidade, a mensagem do evangelho de Jesus Cristo espalhou-se “até aos confins da terra”
(At 1.8; cf. 24.47). A igreja de Jerusalém foi a igreja-mãe de todas as igrejas, e a igreja a qual
pertenciam os apóstolos (At 1.12-26; 8.1). Ao surgir uma controvérsia se os gentios crentes em
Jesus tinham de ser circuncidados, foi Jerusalém a cidade onde reuniu-se o primeiro concílio
eclesiástico de importância para resolver o assunto (At 15.1-31; Gl 2.1-10). (2) Os livros do NT
reiteram boa parte do significado da Jerusalém do AT, mas com uma nova aplicação: de uma
cidade terrena para uma cidade celestial. Noutras palavras, Jerusalém, como a cidade santa, já
não estava aqui na terra mas no céu, onde Deus habita e Cristo reina à sua destra; de lá, Ele
derrama as suas bênçãos; e de lá, Jesus voltará. Paulo fala a respeito de Jerusalém “que é de
cima”, que é nossa mãe (Gl 4.26). O livro de Hebreus indica que, ao virem a Cristo para receber
a salvação, os crentes não chegaram a uma montanha terrestre, mas “ao monte de Sião, e à
cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial” (Hb 12.22). E, ao invés de preparar uma cidade na
terra para os crentes, Deus está preparando a nova Jerusalém, que um dia descerá “do céu,
adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido” (Ap 21.2; cf. 3.12). Naquele grande
dia, as promessas do concerto serão plenamente cumpridas: “Eis aqui o tabernáculo de Deus
com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com
eles e será o seu Deus” (Ap 21.3). Deus e o Cordeiro reinarão para sempre e sempre no seu
trono, nessa cidade santa (Ap 22.3). (3) A cidade de Jerusalém terrestre ainda tem um papel
futuro a desempenhar no reino milenar de Deus? Isaías em 65.17 do seu livro fala de “céus
novos e nova terra” (Is 65.17), e em seguida apresenta um “Mas” enfático sobre a grandeza da
Jerusalém terrena, no versículo 18. O restante do cap. 65 trata das condições mileniais. Muitos
crêem que quando Cristo voltar para estabelecer seu reino milenial (Ap 20.1-6), Ele porá o seu
trono na cidade de Jerusalém. Depois do julgamento do grande trono branco (Ap 20.11-15), a
Jerusalém celestial descerá à nova terra como a sede do reino eterno de Deus (ver Ap 21.2 nota).