TERMOS BÍBLICOS PARA SALVAÇÃO
Rm 1.16 “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo,
pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê,
primeiro do judeu e também do grego.”
Deus nos oferece livremente a vida eterna em Jesus Cristo, mas, às vezes, nos é difícil
compreender o processo exato usado para torná-la disponível a nós. Por isso, Deus apresenta na
Bíblia vários aspectos da salvação, cada um com sua ênfase exclusiva. Este estudo examina três
desses aspectos: a salvação, a redenção e a justificação.
SALVAÇÃO. Salvação (gr. soteria) significa “livramento”, “chegar à meta final com
segurança”, “proteger de dano”. Já no AT, Deus revelou-se como o Salvador do seu povo (Êx
15.2; Sl 27.1; 88.1; ver Dt 26.8 nota; Sl 61.2 nota; Is 25.6 nota; 53.5 nota). A salvação é descrita
na Bíblia como “o caminho”, ou a estrada através da vida, para a comunhão eterna com Deus no
céu (Mt 7.14; Mc 12.14; Jo 14.6; At 16.17; 2Pe 2.21; cf. At 9.2; 22.4; Hb 10.20). Esta estrada
deve ser percorrida até o fim. A salvação pode ser descrita como um caminho com dois lados e
três etapas:
(1) O único caminho da salvação. Cristo é o único caminho ao Pai (Jo 14.6; At 4.12). A salvação
nos é concedida mediante a graça de Deus, manifesta em Cristo Jesus (3.24). A salvação é
baseada na morte de Cristo (3.25; 5.8), sua ressurreição (5.10) e sua contínua intercessão pelos
salvos (Hb 7.25).
(2) Os dois lados da salvação. A salvação é recebida de graça, mediante a fé em Cristo
(3.22,24,25,28). Isto é, ela resulta da graça de Deus (Jo 1.16) e da resposta humana da fé (At
16.31; Rm 1.17; Ef 1.15; 2.8; ver o estudo FÉ E GRAÇA).
(3) As três etapas da salvação. (a) A etapa passada da salvação inclui a experiência pessoal
mediante a qual nós, como crentes, recebemos o perdão dos pecados (At 10.43; Rm 4.6-8) e
passamos da morte espiritual para a vida espiritual (1 Jo 3.14; ver o estudo A
REGENERAÇÃO); do poder do pecado para o poder do Senhor (6.17-23), do domínio de
Satanás para o domínio de Deus (At 26.18). A salvação nos leva a um novo relacionamento
pessoal com Deus (Jo 1.12) e nos livra da condenação do pecado (1.16; 6.23; 1Co 1.18).
(b) A etapa presente da salvação nos livra do hábito e do domínio do pecado, e nos enche do
Espírito Santo. Ela abrange: (i) o privilégio de um relacionamento pessoal com Deus como
nosso Pai e com Jesus como nosso Senhor e Salvador (Mt 6.9; Jo 14.18-23; ver Gl 4.6 nota); (ii)
a conclamação para nos considerarmos mortos para o pecado (6.1-14) e para nos submetermos à
direção do Espírito Santo (8.1-16) e à Palavra de Deus (Jo 8.31; 14.21; 2Tm 3.15,16); (iii) o
convite para sermos cheios do Espírito Santo e a ordem de continuarmos cheios (ver At 2.33-39;
Ef 5.18; ver o estudo O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO); (iv) a exigência para nos
separarmos do pecado (6.1-14) e da presente geração perversa (At 2.40; 2Co 6.17); e (v) a
chamada para travar uma batalha constante em prol do reino de Deus contra Satanás e suas
hostes demoníacas (2Co 10.4,5; Ef 6.11,16; 1Pe 5.8).
(c) A etapa futura da salvação (13.11,12; 1Ts 5.8,9; 1Pe 1.5) abrange: (i) nosso livramento da ira
vindoura de Deus (5.9; 1Co 3.15; 5.5; 1Ts 1.10; 5.9); (ii) nossa participação da glória divina
(Rm 8.29; 2Ts 2.13,14) e nosso recebimento de um corpo ressurreto, transformado (1Co
15.49-52); e (iii) os galardões que receberemos como vencedores fiéis (ver Ap 2.7 nota). Essa
etapa futura da salvação é o alvo que todos os cristãos se esforçam para alcançar (1Co 9.24-27;
Fp 3.8-14). Toda advertência, disciplina e castigo do tempo presente da vida do crente têm como
propósito preveni-lo a não perder essa salvação futura (1Co 5.1-13; 9.24-27; Fp 2.12,16; 2Pe
1.5-11; ver Hb 12.1 nota).
REDENÇÃO. O significado original de “redenção” (gr. apolutrosis) é resgatar mediante o
pagamento de um preço. A expressão denota o meio pelo qual a salvação é obtida, a saber:
pagamento de um resgate. A doutrina da redenção pode ser resumida da seguinte forma:
(1) O estado do pecado, do qual precisamos ser redimidos. O NT mostra que o ser humano está
alienado de Deus (3.10-18), sob o domínio de Satanás (At 10.38; 26.18), escravizado pelo
pecado (6.6; 7.14) e necessitando de livramento da culpa, da condenação e do poder do pecado
(At 26.18; Rm 1.18; 6.1-18, 23; Ef 5.8; Cl 1.13; 1Pe 2.9).
(2) O preço pago para nos libertar dessa escravidão: Cristo pagou esse resgate ao derramar o seu
sangue e dar sua vida (Mt 20.28; Mc 10.45; 1Co 6.20; Ef 1.7; Tt 2.14; Hb 9.12; 1Pe 1.18,19).
(3) O estado presente dos redimidos: Os crentes redimidos por Cristo estão agora livres do
domínio de Satanás e da culpa e do poder do pecado (At 26.18; Rm 6.7,12,14,18; Cl 1.13). Essa
libertação do pecado, no entanto, não nos deixa livres para fazer o que queremos, pois somos
propriedade de Deus. A nossa libertação do pecado por Deus nos torna em servos voluntários
seus (At 26.18; Rm 6.18-22; 1Co 6.19,20; 7.22,23).
(4) A doutrina de redenção no NT já estava prefigurada nos casos de redenção registrados no
AT. O grande evento redentor do AT foi o êxodo de Israel (ver Êx 6.7 nota; 12.26 nota).
Também, no sistema sacrificial levítico, o sangue de animais era o preço pago para expiar o
pecado (ver Lv 9.8 nota; estudo O DIA DA EXPIAÇÃO).
JUSTIFICAÇÃO. A palavra “justificar” (gr. dikaioo) significa ser “justo (ou reto) diante de
Deus” (2.13), tornado justo (5.18,19), “estabelecer como certo” ou “endireitar”. Denota estar
num relacionamento certo com Deus, mais do que receber uma mera declaração judicial ou
legal. Deus perdoa o pecador arrependido, a quem Ele tinha declarado culpado segundo a sua lei
e condenado à morte eterna, restaura-o ao favor divino e o coloca em relacionamento correto
(comunhão) com Ele mesmo e com a sua vontade. Ao apóstolo Paulo foram reveladas várias
verdades a respeito da justificação e como ela é efetuada:
(1) A justificação diante de Deus é uma dádiva (3.24; Ef 2.8). Ninguém pode justificar-se diante
de Deus guardando toda a lei ou fazendo boas obras (4.2-6; Ef 2.8,9), “porque todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus” (3.23).
(2) A justificação diante de Deus se alcança mediante a “redenção que há em Cristo Jesus”
(3.24). Ninguém é justificado sem que antes seja redimido por Cristo, do pecado e do seu poder.
(3) A justificação diante de Deus provém da “sua graça”, sendo obtida mediante a fé em Jesus
Cristo como Senhor e Salvador (3.22,24; cf. 4.3,5; ver o estudo FÉ E GRAÇA).
(4) A justificação diante de Deus está relacionada ao perdão dos nossos pecados (Rm 4.7). Os
pecadores são declarados culpados diante de Deus (3.9-18,23), mas por causa da morte
expiatória de Cristo e da sua ressurreição são perdoados (ver 3.25 nota; 4.25; 5.6-10).
(5) Uma vez justificados diante de Deus, mediante a fé em Cristo, estamos crucificados com
Ele, o qual passa a habitar em nós (Gl 2.16-21). Através dessa experiência, nos tornamos de fato
justos e começamos a viver para Deus (2.19-21). Essa obra transformadora de Cristo em nós,
mediante o Espírito (cf. 2Ts 2.13; 1Pe 1.2), não se pode separar da sua obra redentora a nosso
favor. A obra de Cristo e a do Espírito são de mútua dependência.