FÉ E GRAÇA
Rm 5.21 “Para que, assim como o pecado reinou na morte,
também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por
Jesus Cristo, nosso Senhor.”
A salvação é um dom da graça de Deus, mas somente podemos recebê-la em resposta à fé, do
lado humano. Para entender corretamente o processo da salvação, precisamos entender essas
duas palavras: Fé e Graça
FÉ SALVÍFICA. A fé em Jesus Cristo é a única condição prévia que Deus requer do homem
para a salvação. A fé não é somente uma confissão a respeito de Cristo, mas também uma ação
dinâmica, que brota do coração do crente que quer seguir a Cristo como Senhor e Salvador (cf.
Mt 4.19; 16.24; Lc 9.23-25; Jo 10.4, 27; 12.26; Ap 14.4).
(1) O conceito de fé no NT abrange quatro elementos principais: (a) Fé significa crer e confiar
firmemente no Cristo crucificado e ressurreto como nosso Senhor e Salvador pessoal (ver Rm
1.17 nota). Importa em crer de todo coração (At 8.37; Rm 6.17; Ef 6.6; Hb 10.22), ou seja:
entregar a nossa vontade e a totalidade do nosso ser a Jesus Cristo tal como Ele é revelado no
NT.
(b) Fé inclui arrependimento, i.e., desviar-se do pecado com verdadeira tristeza (At 17.30; 2Co
7.10) e voltar-se para Deus através de Cristo. Fé salvífica é sempre fé mais arrependimento (At
2.37,38; ver Mt 3.2, nota sobre o arrependimento).
(c) A fé inclui obediência a Jesus Cristo e à sua Palavra, como maneira de viver inspirada por
nossa fé, por nossa gratidão a Deus e pela obra regeneradora do Espírito Santo em nós (Jo 3.3-6;
14.15, 21-24; Hb 5.8,9). É a “obediência que provém da fé” (Rm 1.5). Logo, fé e obediência são
inseparáveis (cf. Rm 16.26). A fé salvífica sem uma busca dedicada da santificação é ilegítima e
impossível.
(d) A fé inclui sincera dedicação pessoal e fidelidade a Jesus Cristo, que se expressam na
confiança, amor, gratidão e lealdade para com Ele. A fé, no seu sentido mais elevado, não se
diferencia muito do amor. É uma atividade pessoal de sacrifício e de abnegação para com Cristo
(cf. Mt 22.37; Jo 21.15-17; At 8.37; Rm 6.17; Gl 2.20; Ef 6.6; 1Pe 1.8).
(2) A fé em Jesus como nosso Senhor e Salvador é tanto um ato de um único momento, como
uma atitude contínua para a vida inteira, que precisa crescer e se fortalecer (ver Jo 1.12 nota).
Porque temos fé numa Pessoa real e única que morreu por nós (Rm 4.25; 8.32; 1Ts 5.9,10),
nossa fé deve crescer (Rm 4.20; 2Ts 1.3; 1Pe 1.3-9). A confiança e a obediência transformam-se
em fidelidade e devoção (Rm 14.8; 2Co 5.15); nossa fidelidade e devoção transformam-se numa
intensa dedicação pessoal e amorosa ao Senhor Jesus Cristo (Fp 1.21; 3.8-10; ver Jo 15.4 nota;
Gl 2.20 nota).
GRAÇA. No AT Deus revelou-se como o Deus da graça e misericórdia, demonstrando amor
para com o seu povo, não porque este merecesse, mas por causa da fidelidade de Deus à sua
promessa feita a Abraão, Isaque e Jacó (ver Êx 6.9 nota; ver os estudos A PÁSCOA e O DIA
DE EXPIAÇÃO). Os escritores bíblicos dão prosseguimento ao tema da graça como sendo a
presença e o amor de Deus em Cristo Jesus, transmitidos aos crentes pelo Espírito Santo, e que
lhes outorga misericórdia, perdão, querer e poder para fazer a vontade de Deus (Jo 3.16; 1Co
15.10; Fp 2.13; 1Tm 1.15,16). Toda atividade da vida cristã, desde o seu início até o fim,
depende desta graça divina.
(1) Deus concede uma medida da sua graça como dádiva aos incrédulos (1Co 1.4; 15.10), a fim
de poderem crer no Senhor Jesus Cristo (Ef 2.8,9; Tt 2.11; 3.4).
(2) Deus concede graça ao crente para que seja “liberto do pecado” (Rm 6.20, 22), para que nele
opere “tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13; cf. Tt 2.11,12; ver
Mt 7.21, nota sobre a obediência como um dom da graça de Deus), para orar (Zc 12.10), para
crescer em Cristo (2Pe 3.18) e para testemunhar de Cristo (At 4.33; 11.23).
(3) Devemos diligentemente desejar e buscar a graça de Deus (Hb 4.16). Alguns dos meios
pelos quais o crente recebe a graça de Deus são: estudar as Escrituras Sagradas e obedecer aos
seus preceitos (Jo 15.1-11; 20.31; 2Tm 3.15), ouvir a proclamação do evangelho (Lc 24.47; At
1.8; Rm 1.16; 1Co 1.17,18), orar (Hb 4.16; Jd v. 20), jejuar (cf. Mt 4.2; 6.16), adorar a Cristo (Cl
3.16); estar continuamente cheio do Espírito Santo (cf. Ef 5.18) e participar da Ceia do Senhor
(cf. At 2.42; ver Ef 2.9, nota sobre como opera a graça).
(4) A graça de Deus pode ser resistida (Hb 12.15), recebida em vão (2Co 6.1), apagada (1Ts
5.19), anulada (Gl 2.21) e abandonada pelo crente (Gl 5.4).