O CONCERTO DE DEUS COM OS ISRAELITAS
Dt 29.1 “Estas são as palavras do concerto que o SENHOR
ordenou a Moisés, na terra de Moabe, que fizesse com os filhos de
Israel, além do concerto que fizera com eles em Horebe.”
O CONCERTO NO MONTE SINAI (HOREBE). Deus fez um concerto com Abraão e o
renovou com Isaque e Jacó (ver o estudo O CONCERTO DE DEUS COM ABRAÃO,
ISAQUE E JACÓ). O concerto de Deus com os israelitas, feito ao sopé do monte Sinai (ver Êx
19.1 nota), abrange os dois princípios básicos tratados no estudo supra citado. (1) Unicamente
Deus estabelece as promessas e compromissos do seu concerto, e (2) aos seres humanos cabe
aceitá-los com fé obediente. A diferença principal entre este concerto e o anterior é que Deus fez
um sumário das respectivas promessas e responsabilidades do concerto antes da sua ratificação
(Êx 24.1-8).
(1) As promessas de Deus, neste concerto, eram basicamente as mesmas que foram feitas a
Abraão (ver Êx 19.1 nota). Deus prometeu (a) que daria aos israelitas a terra de Canaã depois de
libertá-los da escravidão no Egito (Êx 6.3-6; 19.4; 23.20, 23), e (b) que Ele seria o seu Deus e
que os adotaria como o seu povo (Êx 6.7; 19.6; ver Dt 5.2 nota). O alvo supremo de Deus era
trazer ao mundo o Salvador através do povo do concerto.
(2) Antes de Deus cumprir todas essas promessas, Ele requereu que os israelitas se
comprometessem a observar as suas leis declaradas quando eles estavam acampados no monte
Sinai. Depois de Deus revelar os dez mandamentos e muitas outras leis do concerto (ver o
estudo A LEI DO ANTIGO TESTAMENTO, os israelitas juraram a uma só voz: “Todas as
palavras que o SENHOR tem falado faremos” (Êx 24.3). Sem essa promessa solene de
aceitarem as normas da lei de Deus, o concerto entre eles e o Senhor não teria sido confirmado
(ver Êx 24.8 nota).
(3) Essa resolução de cumprir a lei de Deus, continuou como uma condição prévia do concerto.
Somente pela perseverança na obediência aos mandamentos do Senhor e no oferecimento dos
sacrifícios determinados por Deus no concerto é que Israel continuaria como a possessão
preciosa de Deus e igualmente continuaria a receber as suas bênçãos. Noutras palavras, a
continuação da eleição de Israel como o povo de Deus dependia da sua obediência ao seu
Senhor (ver Êx 19.5, nota).
(4) Deus também estipulou claramente o que aconteceria se o seu povo deixasse de cumprir as
obrigações do concerto. O castigo pela desobediência era a destruição daquele povo, quer por
banimento, quer por morte (ver Êx 31.14,15). Trata-se de uma repetição da advertência de Deus,
dada por ocasião do êxodo, i.e., aqueles que não cumprissem as suas instruções para a Páscoa
seriam excluídos do povo (Êx 12.15, 19; 12.15 nota). Essas advertências não eram fictícias. Em
Cades, por exemplo, quando os israelitas se rebelaram, incrédulos, contra o Senhor e se
recusaram a entrar em Canaã, por medo dos seus habitantes, Deus se irou com eles e, como
castigo, fê-los peregrinar no deserto durante trinta e nove anos; ali, morreram todos os israelitas
com mais de vinte anos de idade (exceto Calebe e Josué, ver Nm 13.26—14.39; 14.29 nota). O
castigo pela desobediência e incredulidades deles foi a perda do privilégio de habitar na terra do
repouso, por Deus prometido (cf Sl 95.7-11; Hb 3.9-11,18).
(5) Deus não esperava de seu povo uma obediência perfeita, e sim uma obediência sincera e
firme. O concerto já reconhecia que, às vezes, devido às fraquezas da natureza humana, eles
fracassariam (ver 30.20 nota). Para remi-los da culpa do pecado e reconciliá-los consigo mesmo,
Deus proveu o sistema geral de sacrifícios e, em especial, o Dia Anual da Expiação (ver o
estudo O DIA DA EXPIAÇÃO. O povo podia, assim, confessar seus pecados, oferecer os
diversos sacrifícios, e deste modo reconciliar-se com o seu Senhor. Todavia, Deus julgaria
severamente os desobedientes, a rebeldia e a apostasia deliberada.
(6) No seu concerto com os israelitas, Deus tencionava que os povos doutras nações, ao
observarem a fidelidade de Israel a Deus, e as bênçãos que recebiam, buscassem o Senhor e
integrassem a comunhão da fé (ver 4.6 nota). Um dia, através do Redentor prometido, um
convite seria feito às nações da terra para participarem dessas promessas. Assim, o concerto
tinha um relevante aspecto missionário.
O CONCERTO RENOVADO NAS PLANÍCIES DE MOABE. Depois que a geração
rebelde e infiel dos israelitas pereceu durante seus trinta e nove anos de peregrinação no deserto,
Deus chamou uma nova geração de israelitas e preparou-os para entrarem na terra prometida,
mediante a renovação do concerto com Ele. Para uma conquista bem-sucedida da terra de
Canaã, necessário era que eles se comprometessem com esse concerto e que tivessem a garantia
que o Senhor Deus estaria com eles.
(1) Essa renovação do concerto é o enfoque principal do livro de Deuteronômio (ver
introdução). Depois de uma introdução (1.1-5), Deuteronômio faz um resumo histórico de como
Deus lidou com seu povo desde a partida do Sinai (1.6—4.43). Repete as principais condições
do concerto (4.44—26.19), relembra aos israelitas as maldições e as bênçãos do concerto
(27.1—30.20) e termina com as providências para a continuação do concerto (31.1—33.29).
Embora o fato não seja mencionado especificamente no livro, podemos ter como certo que a
nação de Israel, à uma só voz, deu um caloroso “Amém” às condições do concerto, assim como
a geração anterior fizera no monte Sinai (cf. Êx 24.1-8; Dt 27; 29.10-14).
(2) O conteúdo básico desse concerto continuou como o do monte Sinai. Um assunto reiterado
no livro inteiro de Deuteronômio é que, se o povo de Deus obedecesse a todas as palavras do
concerto, teria a bênção divina; em caso contrário, teria a maldição divina (ver especialmente
27—30). A única maneira deles e seus descendentes permanecerem para sempre na terra de
Canaã era guardarem o concerto, amando ao Senhor (ver 6.5 nota) e obedecendo à sua lei
(30.15-20).
(3) Moisés ordenou ao povo que periodicamente relembrasse o concerto feito. Cada sétimo ano,
na Festa dos Tabernáculos, todos os israelitas deviam comparecer ao lugar que Deus escolhesse.
Ali, mediante a leitura da lei de Moisés, eles relembrariam do concerto de Deus com eles, e
também, mediante a renovação da promessa, de cumprir o que ouviam (31.9-13).
(4) O AT registra vários exemplos notáveis dessa lembrança e renovação do concerto. Após a
conquista da terra, e pouco antes da morte de Josué, este conclamou todo o povo com esse
propósito (Js 24). A resposta do povo foi clara e inequívoca: “Serviremos ao SENHOR, nosso
Deus, e obedeceremos à sua voz” (Js 24.24). Diante disso: “Assim, fez Josué concerto, naquele
dia, com o povo” (Js 24.25). Semelhantemente, Joiada dirigiu uma cerimônia de renovação do
concerto, quando Joás foi coroado (2Rs 11.17), e assim fizeram também Josias (2Rs 23.1-3),
Ezequias (cf. 2Cr 29.10) e Esdras (Ne 8.1—10.39).
(5) A chamada para relembrar e renovar o concerto é oportuna hoje. O NT é o concerto que
Deus fez conosco em Jesus Cristo. Lembramos do seu concerto conosco quando lemos e
estudamos a sua revelação contendo suas promessas e preceitos, quando ouvimos a exposição da
Palavra de Deus e, mais especificamente, quando participamos da Ceia do Senhor (ver 1Co
11.17-34). Na Ceia do Senhor, também renovamos nosso compromisso de amar ao Senhor e de
servi-lo de todo o nosso coração (ver 1Co 11.20 nota).